fbpx

Qual é a diferença entre segunda língua e língua estrangeira?

Provavelmente você já ouviu falar nestes conceitos, mas o que significa cada um? As duas expressões são termos técnicos da área de ensino/aprendizagem de línguas.

Qual é a diferença entre segunda língua e língua estrangeira?

Quando as pessoas falam em forma corriqueira, na acepção vulgar dos termos, podem achar que aprender uma segunda língua seria aprender outro idioma além do materno; afinal, já sabe uma língua, agora vai aprender a segunda, não é mesmo? Erro!

Em didática de línguas o emprego dos termos em forma técnica é um pouco diferente.

Em primeiro lugar, segunda língua não tem nada a ver com a quantidade de línguas que você fala ou com a ordem em que você aprendeu os idiomas.

A diferença entre segunda língua e língua estrangeira está relacionado com o contexto em que você aprende ou adquire um outro idioma diferente da sua língua nativa:

SEGUNDA LÍNGUA: a aprendida em um país onde a língua alvo é a língua utilizada socialmente. Por exemplo, um brasileiro morando em Nova York aprende inglês como segunda língua.

LÍNGUA ESTRANGEIRA:  é quando você aprende em um país onde a língua falada não é a língua alvo, por exemplo, um brasileiro que mora no Brasil aprendendo inglês numa escola de línguas.

O seguinte quadro comparativo ajuda na compreensão do conceito:

 Língua estrangeira Segunda língua
O único contato com o idioma é durante a aula. Exposição à língua na rua, nas interações diárias, etc.
Exemplo:  brasileiros aprendendo espanhol no Brasil.

Escolas de línguas, cursos de idiomas.

Aulas de línguas no ensino público.

Exemplo: mexicanos aprendendo inglês nos Estados Unidos.

Programas de intercâmbio.

Imigrantes aprendendo a língua local no país de acolhida.

 

A importância da diferenciação destes dois conceitos na aprendizagem / ensino de línguas tem a ver com as especifidades de cada situação, que é muito díspar e requer um tratamento diferenciado.

Ensinar ou aprender espanhol como segunda língua significa que os alunos estão morando num país da América Latina ou na Espanha, onde podem ter contato diário com a língua, além de terem a necessidade imperiosa de se comunicar como «motivação» para correr atrás e desenvolver a fluência. Geralmente, nas aulas que frequentam, os colegas são originários de diversos países, o que faz com que tenham que usar o espanhol para se comunicarem entre eles, por ser o idioma comum.

Já nas aulas de espanhol como língua estrangeira, no caso, aprender espanhol no Brasil, o aluno terá que criar ou procurar as oportunidades para treinar a língua fora da sala de aula. Como os seus colegas também são brasileiros, é muito forte a tentação para falar português, o que reduz ainda mais as oportunidades de prática. O professor terá que criar situações que simulem atividades do mundo real na sala de aula, para propiciar o ensino comunicativo.

Os conceitos de L1 e L2

Estes conceitos referem á distinção entre a língua nativa do aluno e a língua que ele quer aprender:

L1: a língua nativa do aluno. No caso do brasileiro aprendendo espanhol, o português.

L2: a língua que o aluno quer aprender, ou seja, a língua alvo. No caso do brasileiro aprendendo espanhol, o espanhol.

 

Só por via das dúvidas, esclarecemos que NÃO existe L3, L4… Todos os idiomas que você fala ou estuda além do seu português nativo são L2.

Agora que você já conhece estes importantes conceitos, compartilhe para contribuir no uso correto dos termos. Comente: Quais contextos de aprendizagem de línguas você já experimentou? Qual L2 você já domina ou deseja aprender?

E-book Espanhol no contexto profissional - Espanhol na Rede

Baja tu e-book

Regístrate para recibir el e-book «Español en el contexto profesional», con expresiones útiles en el mundo del trabajo, ¡y mucho más!

10 comentarios en “Qual é a diferença entre segunda língua e língua estrangeira?”

  1. Olá Beatriz;
    Parabéns pela publicação. Gostei muito da maneira simples e direta que você usa para definir Segunda Língua e Língua Estrangeira. Gostei também do seu esclarecimento de que não existe L3, L4 ou mesmo L5, como tenho ouvido por aí. Todas as línguas que falamos além de nossa língua materna são L2. Você teria algum outro referencial teórico que defende isso? Algumas pessoas são extremamente difíceis de se convencerem. Foi justamente pesquisando para argumentar contra essa ideia de L3, L4…… que encontrei sua matéria.
    Obrigado e parabéns novamente.

    Marcos Souza

    1. Oi Marcos, obrigada, que bom que você gostou! Existe material no Diccionario de Términos Clave de ELE, no link: https://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/diccio_ele/diccionario/lenguameta.htm
      A terminologia foi criada por especialistas no ensino do inglês, que por ser a língua mais estudada, conta com maior produção e lidera a área de ensino / aprendizado de línguas. É verdade que muitas pessoas têm resistência e preferem ficar com a versão mais simples, porém errada…mas vamos continuar pesquisando e compartilhando visando esclarecer! Grande abraço!

      1. EVELYN VAZ Brazolin

        Boa tarde pessoal. Estava lendo uma apostila sobre a semântica do espanhol, onde vi o termo L4/LE!!! …não tinha a mínima ideia do significado. Com a primeira busca no google, me deparei com a excelente explicação da Beatriz. Mas, sempre gosto de ver muitas publicações sobre o mesmo assunto e vou colar aqui um outro trabalho que me deixou confusa…
        L3 ou LE adicional
        De um ponto de vista teórico, o contexto de terceira lingua (L3) é um campo
        relativamente novo e pesquisas que focalizam esta área também o são (CENOZ, 2003;
        CENOZ; JESSNER, 2000; CENOZ; HUFEISEN; JESSNER, 2005; HERDINA;
        JESSNER, 2000; CENOZ, 2001; ERRASTI, 2003; ROTTAVA, 2007; 2008 e mimeo).
        Suas características são descritas usando terminologia que sebrepõem entre si, tais como
        L3, bilinguísmo e multilinguísmo (DE ANGELIZ, 2007). Para De Angelis (op.cit.), o
        termo L3 tem sido usado como referência a outras línguas tais como L3, L4, L5 e assim
        por diante, indistintivamente. Em outros casos, o termo tem sido usado para esclarecer
        uma ‘diversidade temporal’ (CENOZ, 2003), que significa o número de LEs que um
        aprendiz previamente aprendeu e o tempo em que cada LE foi aprendida. Entretanto, a
        idéia de ‘temporalidade’ poderia negligenciar aspectos relacionados à proficiência
        lingüística e, conforme De Angelis (2007, p. 10), ‘a distição entre uma criança bilíngue
        aprendendo uma L3 e um adulto que já tem aprendido uma L2 e que está aprendendo
        uma L3’ não é clara, devido ao fato de que ambos possam ser considerados aprendizes
        de L3 ou aprendizes multilíngues. Além desse fator, outras variáveis devem ser
        consideradas com respeito: às características e diferenças compartilhadas quando uma
        GT Ensino e aprendizagem de L2: o foco na forma e no ensino da gramática. 3
        L3 ou uma LE adicional está sendo aprendida/ensinada; a complexidade do
        processo⁄fenômeno envolvido; a influência de outras LEs; e a experiência prévia, o
        conhecimento lingüístico e a consciência metalingüística (CENOZ, 2003; CENOZ;
        JESSNER, 2000; CENOZ; HUFEISEN; JESSNER, 2003).
        Dado ao propósito deste artigo, qual seja, a identificação de aspectos gramaticais
        de produções escritas e a análise dos mesmos, o termo utilizado será o de L3 ou LE
        adicional definido como ‘todas as LEs além da L2 sem dar preferência a qualquer língua
        em particular’ (DE ANGELIS, 2007, p.11).

  2. Rafaella Spiga Real Bernini

    Olá, mas no caso das siglas: L2 não se refere apenas ao aprendizado de outro idioma como segunda língua e LE ao aprendizado como língua estrangeira?

    1. Oi Rafaella, L2 refere ao aprendizado de outro idioma, seja como segunda língua ou como língua estrangeira. É pra fazer a diferenciação entre a língua nativa e a língua que vc estuda. O conceito de LE refere ao contexto de aprendizagem, como vc colocou: «LE ao aprendizado como língua estrangeira» está certa 🙂

  3. Olá, gostei muito de sua explicação. Agora ficou mais fácil entender sobre L2 E LE. Você poderia me indicar alguns artigos que têm esse mesmo pensamento? Desde já agradeço!

  4. Ola Beatriz, muito conveniente a sua explicação e me retou muitas dúvidas, tenho uma pequena insistência; se eu for a aprender na minha infância duas línguas em simultâneo e sendo uma nacional falada na minha comunidade e a outra pelo País todo, poderia considerar apenas a da minha comunidade como a minha L1?

    1. Oi Antonio, considero que sim, no caso, a L1 é a que a pessoa se identifica, a mais próxima. Obviamente os conceitos de L1 e L2 são concepções teóricas para analisar a realidade, que é muito complexa, principalmente nos casos de pessoas que falam várias línguas ou que moram em países com mais de uma língua oficial. Nestes casos a diferenciação entre L1 e L2 pode não ser tão clara.

Deja un comentario

Tu dirección de correo electrónico no será publicada. Los campos obligatorios están marcados con *