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8 coisas que todo estudante de espanhol deveria saber

A ideia para este post surgiu da constatação da quantidade de informações imprecisas ou diretamente falsas que circulam sobre aprender espanhol. Por esta razão, gostaria de compartilhar com você algumas informações importantes que organizei em oito itens. São dicas valiosas que vão ajudar você na hora de escolher o seu curso de espanhol, evitar as “armadilhas” mais comuns e planejar os estudos.

1. Não existe certificado de espanhol “reconhecido pelo MEC”.

Nenhum curso de idiomas do Brasil é reconhecido pelo MEC, o Ministério da Educação e Cultura. O MEC regula e reconhece só cursos de nível superior.

Os cursos de idiomas (por exemplo, das escolas Cultura Inglesa, Fisk, Wizard, Yázigi, Wise Up, etc.) são considerados cursos livres e não precisam de registro ou autorização do MEC para funcionar.

É importante mencionar que as escolas que oferecem cursos livres têm direito de emitir certificado ao aluno em conformidade com a lei nº 9394/96.

Então, qual a validade dos certificados emitidos pelas escolas de línguas? A validade vai depender do prestígio e seriedade da escola, e também, da aceitação pela instituição ou entidade perante a qual o aluno apresenta dito certificado.

Em geral podemos afirmar que os certificados dos cursos livres servem para motivar o aluno no sentido do reconhecimento ao seu esforço, além de serem importantes na hora de comprovar o seu nível caso a pessoa for para outra escola onde pode continuar os seus estudos no nível seguinte.

A certificação que realmente vai enriquecer o seu currículo é a certificação internacional: os exames de proficiência DELE ou CELU.

2. Que são os diplomas DELE e CELU?

São diplomas oficiais, da Espanha e da Argentina respectivamente, reconhecidos internacionalmente, destinados a quem necessita de uma certificação de sua capacidade linguística para ingressar em âmbitos educativos ou de trabalho.

“Os Diplomas de Espanhol como Língua Estrangeira, são exames oficiais que certificam o grau de competência e domínio do idioma espanhol, outorgado pelo Instituto Cervantes em nome do Ministério da Educação e Ciência da Espanha. Os títulos, que possuem reconhecimento internacional e validade indefinida, são certificados segundo a compreensão do idioma pelo examinado em três categorias: compreensão, fala e escrita (segundo o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas) em cinco provas.”

“Argentina conta com uma certificação de Espanhol de validade internacional: o CELU, Certificado de Espanhol: Língua e Uso. É um certificado de proficiência de espanhol como língua estrangeira que pode ser obtido por todos os estrangeiros que não tiverem o espanhol como primeira língua e quiserem validar sua capacidade de usar este idioma como língua segunda para âmbitos de trabalho e estudo. O CELU é o único exame reconhecido oficialmente pelo Ministério da Educação e o Ministério das Relações Exteriores e Culto da República Argentina.”

Para obter um diploma internacional, a pessoa interessada precisa fazer um exame em qualquer um dos centros acreditados (existem no Brasil escolas e universidades que são centros acreditados de DELE ou CELU).

Esta prova é independente de qualquer curso: o aluno pode estudar e se preparar por qualquer meio, e, quando considera que possui o nível suficiente, pode se inscrever e fazer o exame, mesmo sem ter feito o curso de preparação.

Geralmente tem mais sucesso o estudante que se prepara fazendo um curso específico para conhecer o formato das diferentes provas do exame e as estratégias que deve usar para cada uma delas.

3. Para ter competência comunicativa na língua espanhola, é necessário atingir, como mínimo, o nível intermediário B2.

“No Brasil o DELE de nível intermediário B2 é requisito para o acesso de bolsas de estudo pelo Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) do Ministério de Educação,destinada para pessoas interessadas em fazer mestrado ou doutorado em países hispanofalantes. Além disso é bastante procurado por grandes empresas que preparam funcionários que serão enviados para países de língua espanhola, como a Petrobras.” (Instituto Cervantes)

Existem diplomas para todos os níveis, desde o inicial. Porém, o diploma mais importante para o mercado laboral ou o mundo acadêmico é o do nível intermediário B2, ou, então, outro superior (C1, C2).

Um diploma inicial não vai ser de muita utilidade prática para obter um emprego. A final, o que significa que você tem “conhecimentos básicos da língua X”?

Para todos os efeitos práticos da comunicação, ou você fala ou você não fala. Não existe meio termo. Por tanto, não abandone os estudos até obter o certificado no nível B2, já que esse é o nível mínimo que garante que você é um usuário competente da língua.

4. O que é o Quadro Europeu Comum de Referência – QCER?

É um documento elaborado pelo Conselho de Europa que estabelece orientações para o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras.

Fornece uma base comum para a elaboração de programas de línguas, linhas de orientação curriculares, exames, manuais, etc. que tem ampla aceitação não só na Europa, mas a nível internacional.

Antes do QCER, existia muita dificuldade de reconhecimento de diplomas entre diferentes universidades e empresas, porque cada escola usava um sistema próprio para estabelecer os níveis dos cursos: o que algumas escolas chamavam de intermediário superior, para outras era avançado.

Tem escolas que chamam de curso básico o ciclo de estudos que ensina o mínimo que o aluno precisa para se comunicar, já para outras, básico é o nível anterior ao pré-intermediário.

Com toda essa confusão, o Conselho de Europa criou o QCER, que estabelece os níveis de competência: A1, A2, B1, B2, C1 e C2.

Uma das vantagens do QECR é que permite utilizar uma nomenclatura única para se referir aos níveis de competência na língua. Por exemplo, se você atingir o nível B1 conforme o QECR, um profissional de idiomas de qualquer instituição no mundo já sabe exatamente qual o seu nível e o que você é capaz de fazer na língua.

Alem disso, o QCER estabelece orientações metodológicas importantes e uma filosofia de ensino com uma abordagem orientada para a ação.

5. Quem pode ser professor de espanhol?

O ensino de espanhol é uma profissão: ELE – Espanhol como Língua Estrangeira, especialidade interdisciplinar dos professores, pesquisadores e produtores de material didático, que visa ensinar a língua espanhola a pessoas nativas de outras línguas.

Porém, muitas escolas de línguas contratam como docentes pessoas que terminaram o nível avançado ou que moraram no exterior. Porém, não basta saber a língua para ser professor de espanhol.

É necessário fazer um curso de formação docente, que ofereça conhecimentos sobre ensino e aprendizagem de língua estrangeira, didática e metodologia de ensino e práticas docentes para aperfeiçoar as habilidades do professor na sala de aula.

Alguém que não tiver essa formação vai ficar muito limitado: vai ensinar do jeito que ele aprendeu, sem conhecer outras técnicas que possam beneficiar pessoas com diferentes estilos de aprendizagem, não vai saber como resolver dificuldades na sala de aula ou como encarar situações específicas de ensino (turmas grandes, aulas individuais, espanhol para negócios, alunos com diferentes níveis na mesma turma, etc.).

Ensinar espanhol não é palestrar sobre a história e a origem da língua espanhola. Também não é explicar gramática e vocabulário em português. O verdadeiro professor cria e propõe atividades de prática da língua onde o aluno treina as 4 destrezas em situações reais de comunicação.

No caso dos professores brasileiros, o curso de Letras espanhol/português oferece essa formação. Mas, cuidado! É bom conferir, porque eu já vi pessoas que possuem este diploma e mesmo assim, não falam espanhol, já que não é exigido um certificado de proficiência aos estudantes que entram no curso. Também, geralmente não é ensinada a língua espanhola na faculdade, de forma que o estudante deve correr atrás da formação em espanhol.

Quando o professor é nativo, quer dizer, estudou no seu país (Espanha, Argentina, Uruguai, etc.), é importante que seja um profissional idôneo – muitas vezes não existe curso específico de professor de espanhol como língua estrangeira no seu país. No caso, é ideal ter um diploma universitário em áreas afins, complementado com formação como docente de língua estrangeira ou um mestrado na área.

Também já vi nativos ensinando espanhol no Brasil que não terminaram o ensino médio no seu país; esta não é a condição ideal devido as complexidades da língua escrita em contextos acadêmicos, que o professor necessariamente deve dominar.

Outra discussão: é melhor um professor nativo ou brasileiro? Na minha opinião, a vantagem do professor brasileiro é que ele passou pelo processo de aprender a língua espanhola e pode ajudar o aluno com dicas sobre estratégias que ele usou.

A vantagem do professor nativo é que ele constitui um bom modelo da língua, sem o sotaque ou os erros de interferência do português que o brasileiro pode ter.

O importante é que o docente, seja brasileiro ou nativo, possua um bom nível de espanhol (o nativo deve ser uma pessoa com formação superior para garantir um nível adequado) e formação docente em didática e metodologia do ensino de língua estrangeira, como falamos anteriormente.

Importante: No Brasil, o único curso que habilita para o exercício da profissão é o Curso de Letras, de nível superior. Os diplomas internacionais (DELE ou CELU) não habilitam para exercer a profissão de docente, eles só certificam a proficiência na língua.

6. Ensino comunicativo de línguas – em todas as escolas?

Existem algumas palavras que são tão usadas no marketing que no final acabam virando expressões sem conteúdo. A palavra “comunicativo” é um claro exemplo: todas as escolas falam que a sua metodologia é comunicativa.

No final das contas, comunicativo deve significar que é para falar, não é mesmo? Vamos ver o que é ensino comunicativo de línguas.

A abordagem comunicativa é um conjunto de princípios e técnicas didáticas para o ensino de línguas estrangeiras que surge no final do século XX.

Parte da premissa de que a língua é fundamentalmente um instrumento de comunicação, porém, a capacidade de comunicar é primordial, ficando para trás antigos métodos nos quais o estudo de língua era mais para apreciar a literatura ou para desenvolver a capacidade intelectual.

Segundo a abordagem comunicativa, a aquisição da língua não resulta de um esforço consciente por decorar vocabulário ou regras de gramática, ela ocorre quando a pessoa está envolvida em um processo de interação significativa na língua alvo.

Nas aulas onde é aplicada esta abordagem, o professor e os alunos falam só a língua alvo (no caso, espanhol). O docente atua como facilitador, e propõe tarefas em duplas ou grupos onde os alunos conversam entre si perguntando e respondendo sobre fatos da realidade, resolvendo problemas ou simulando situações da vida real.

O foco do aluno está no significado da mensagem (conteúdo) e não nas palavras ou estruturas (forma). Desse jeito, o cérebro consciente está ocupado conversando, enquanto o inconsciente abstrai ou processa as estruturas linguísticas.

É muito importante a habilidade do professor para organizar este tipo de atividades; ele da as instruções em espanhol, usando imagens, gestos ou demonstrações (especialmente nos níveis iniciais), monitora o trabalho das duplas ajudando quem necessita e corrigindo erros ou estimulando a autocorreção, etc.

Neste tipo de aula, quem mais fala não é o professor; são os alunos, porque é muito importante que cada aluno tenha oportunidade de falar o maior tempo possível. Isso é só uma breve descrição, tem muito mais sobre o assunto que não caberia aqui!

Em relação à oferta de cursos de espanhol, duas recomendações para não entrar numa fria:

  1. Fica difícil confiar em propostas do tipo “aprenda espanhol em 3 meses, do básico ao avançado, com método exclusivo criado por estudante que morou um semestre na Argentina”.
  2. Cuidado com algumas escolas de línguas que investem agressivamente em marketing, fazendo de tudo para captar e manter o aluno matriculado durante anos, mas, fazendo muito pouco em termos de qualidade do ensino e qualificação docente.

7. Nem todas as pessoas aprendem da mesma forma.

Cada indivíduo tem o seu estilo personalíssimo, segundo a sua personalidade, experiências de vida, habilidades cognitivas, capacidades interpessoais, estilos de aprendizagem e tipos de inteligência. É o que se conhece em ELE (Espanhol como Língua Estrangeira) como as variáveis individuais da aprendizagem.

Toda pessoa pode aprender uma língua: todos sabem pelo menos a língua materna. Observe também o caso dos imigrantes: mesmo sem frequentar aulas, todos aprendem a segunda língua, algumas pessoas melhor do que outras, mas todos conseguem um nível de comunicação.

Por que então não é todo mundo que consegue sucesso em um curso de línguas? Uma possível explicação é que esses cursos são estandardizados, como a educação formal, e o sucesso do aluno esta atrelado as habilidades cognitivas, sem levar em consideração outros aspectos da personalidade, que, como tal, é indivisível.

Aprender uma língua mexe muito com a autoimagem e identidade pessoal, tem muito a ver com as emoções e a capacidade de relacionamento interpessoal. Essa dimensão afetiva tem que ser levada em conta, junto com os estilos individuais.

Algumas pessoas aprendem melhor estudando a gramática e sistematizando as regras em tabelas; outras lembram-se de exemplos e frases.

Também existem preferências por estímulos visuais, auditivos ou sinestésicos. Outra classificação dos estilos de aprendizagem é: pragmático, reflexivo, ativo e teórico.

Um elemento muito importante é estudar os seus tipos de inteligência predominantes: lógico-matemática, linguística, musical, interpessoal, intrapessoal, espacial, naturalista, corporal-sinestésica.

O docente reflexivo observa os alunos e propões as atividades que melhor se adéquam a cada estudante; o aluno autônomo e responsável pelo seu processo de aprendizagem se conhece a si mesmo, sabe quais são as suas preferências cognitivas e aproveita o que tem de melhor para atingir os seus objetivos.

8. Estudar fazendo parte de uma turma ou em forma individual?

Essa escolha depende muito da personalidade, dos objetivos, do tempo disponível, do seu nível de espanhol e do seu ritmo de aprendizagem.

Algumas vantagens de frequentar uma turma: é mais divertido, as aulas geralmente são mais dinâmicas, os colegas incentivam um ao outro, tem a motivação de fazer parte de um grupo com os mesmos objetivos.

É uma situação ideal quando a turma é homogênea em relação ao nível de espanhol e interesses, e quando você pode incorporar o horário da turma à sua rotina, se organizando para estudar durante dois ou três anos no mínimo para atingir o nível B2.

Já se você aprende a um ritmo mais acelerado do que os outros, pode achar que esta perdendo o tempo. No caso contrário, se você sentir que todo mundo avança mais rápido do que você, isso pode gerar frustração.

Nestes casos, é melhor uma aula particular individual, para aproveitar melhor o tempo e avançar no seu ritmo de assimilação.

Outro problema que pode apresentar a aula em turmas é quando a metodologia não é comunicativa: se for uma aula expositiva ou centrada no professor, o aluno não vai ter muitas chances de treinar a oralidade.

A aula individual tem algumas vantagens: atendimento personalizado, possibilidade de estudar conteúdos e assuntos do seu interesse, adequação das atividades ao seu estilo, possibilidade de fazer o curso em forma intensiva, mais oportunidades de falar e treinar a língua.

Alem de tudo isso, a aula particular é adequada para aquelas pessoas que necessitam flexibilidade de horários, porque permite mudar o horário desde que o docente seja avisado com antecedência.

Um aspecto negativo é que a aula individual não é legal para a pessoa que tem um estilo mais sociável e gosta de aprender com outras pessoas, ela vai sentir falta do aspecto social da aula em turma. Por último, lembramos que existe a possibilidade de aprender espanhol online, com aulas por vídeo conferência – confira o curso Espanhol na Rede.

Em resumo, tem pros e contras, você deve avaliar no seu caso qual seria e opção que melhor se adapta a sua disponibilidade e personalidade.

Recapitulando, neste artigo apresentei 8 itens que você não pode deixar de saber:

1. Não existe certificado de espanhol “reconhecido pelo MEC”.
2. Que são os diplomas DELE e CELU?
3. Para ter competência comunicativa na língua espanhola, é necessário atingir, como mínimo, o nível intermediário B2.
4. O que é o Quadro Europeu Comum de Referência – QCER?
5. Quem pode ser professor de espanhol?
6. Ensino comunicativo de línguas – em todas as escolas?
7. Nem todas as pessoas aprendem da mesma forma.
8. Estudar fazendo parte de uma turma ou em forma individual?

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8 comentarios en “8 coisas que todo estudante de espanhol deveria saber”

  1. Jéssica Tauane Fernandes de Souza

    Gostei do artigo esclareceu bem minhas duvidas, porém ainda tenho mais uma, qual certificado é melhor para fazer intercambio no México ou América Latina ? Por exemplo se eu não fizer intercâmbio para Argentina (CELU) ou Espanha (DELE), qual certificado vai ser viável para usar em qualquer país que use o espanhol? Ou seja, os dois certificados são validos para todos os territórios? Porque no espanhol existe variações.
    Obrigado.

  2. Adorei o post, professora Beatriz! Foi muito esclarecedor, assim como foi o seu vídeo sobre o curso. Eu não sabia que o diploma de qualificação Argentino era o CELU. Pensava que era sempre o DELE. Vou me matricular no seu curso. Já sou sei admirador! Abraços!

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